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Desigualdades de Renda e Riqueza na RMC: Reflexões e Propostas

Análise da Kurytiba Metropole apresentada no Seminário Internacional UKN 2024, realizado em Curitiba, revela disparidades socioeconômicas e propõe caminhos para o desenvolvimento justo e integrado de Curitiba e região



O artigo apresentado pelo diretor executivo da Kurytiba Metropole, Rafael Oliveira, no Seminário Internacional UKN 2024, lança luz sobre as profundas desigualdades de renda e riqueza que marcam Curitiba e sua Região Metropolitana (RMC). Por meio de mapas detalhados e dados atualizados, a pesquisa oferece um diagnóstico dos contrastes socioeconômicos e propõe políticas públicas direcionadas para um desenvolvimento mais justo e inclusivo.


Os dados revelam que a RMC, composta por 29 municípios e com mais de 3,5 milhões de habitantes, concentra 91,3% de sua população no chamado Núcleo Territorial Central (NTC), formado por 13 cidades, incluindo Curitiba. A capital paranaense, embora destaque econômico e administrativo, apresenta um coeficiente de Gini de 0,57, um dos maiores do Brasil e similar a países com graves desigualdades, como a Namíbia. Esse indicador ilustra a concentração desproporcional de renda, em que os 20% mais pobres apropriam-se de apenas 3,54% da renda municipal (dado de 2010), bem abaixo da referência de 10%.


Além das desigualdades econômicas, o estudo aprofunda a segregação racial e territorial. A população preta e parda representa apenas 24,1% de Curitiba, enquanto municípios periféricos, como Fazenda Rio Grande e Piraquara, registram índices superiores a 40%. Essa concentração é impulsionada pela busca por moradias acessíveis em regiões com menor infraestrutura urbana, reforçando a exclusão econômica e racial. O rendimento médio mensal da população negra não ultrapassa 80% do rendimento da população branca em diversos municípios, expondo as barreiras estruturais ainda presentes na região.


A desigualdade de gênero também é destacada. Mesmo nos setores formais, como o trabalho celetista, as mulheres recebem, em média, 80 a 90% do salário dos homens em Curitiba, tendo um cenário ainda pior em municípios como Araucária, onde os valores ficam abaixo de 80%. Em contrapartida, casos como o de Campo Magro, onde mulheres possuem rendimentos superiores, são excepcionais e merecem análise aprofundada sobre políticas locais que possam ter influenciado esses números.


Outro dado preocupante é a concentração de riqueza no polo central de Curitiba. Enquanto a renda média dos declarantes do Imposto de Renda (IRPF) ultrapassa R$11 mil na capital, em municípios periféricos os valores médios não chegam a R$3 mil, revelando disparidades de até 7,5 vezes. Tal cenário levanta questões sobre a alocação de investimentos públicos e a necessidade de políticas redistributivas eficazes.


Para enfrentar essas desigualdades, o estudo propõe um desenvolvimento urbano integrado e políticas públicas baseadas na justiça social. Entre as recomendações estão a redistribuição de recursos orçamentários, priorizando áreas vulneráveis, a criação de programas habitacionais inclusivos e a requalificação dos territórios periféricos com melhor infraestrutura urbana e acesso ao transporte público. Além disso, a pesquisa reforça a importância de políticas interseccionais que considerem raça, gênero e poder econômico como dimensões integradas do combate à exclusão.


A questão ambiental também se entrelaça com as desigualdades urbanas. A urbanização desordenada e impermeável, aliada ao mal aproveitamento de rios e áreas verdes, agrava problemas como enchentes e degradação ambiental, afetando principalmente os moradores das regiões mais vulneráveis. O artigo sugere a requalificação ambiental como um vetor para a inclusão social, inspirando-se em experiências internacionais de integração de rios e parques no cotidiano das cidades.


Por fim, o documento destaca que o enfrentamento das desigualdades requer um esforço coletivo entre sociedade civil, poder público e setor privado. Com base em teorias como o princípio da diferença de John Rawls e os conceitos de capacidades de Amartya Sen, a pesquisa aponta que a criação de políticas inclusivas e a promoção da equidade social são fundamentais para construir uma Curitiba e uma região metropolitana mais justas, sustentáveis e integradas.



A Kurytiba Metropole reafirma seu compromisso em promover conhecimento e ações concretas para enfrentar os desafios urbanos e reduzir as desigualdades em Curitiba e sua região metropolitana.


Equipe KM

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